POBREZA PODE SER O ESTOPIM DA PRÓXIMA PANDEMIA, ALERTA ESTUDO

O Brasil parou de sorrir!

Após a pandemia de Covid-19, que paralisou o mundo e deixou um rastro de impactos sociais e econômicos, especialistas em saúde pública têm uma preocupação em comum: qual será a próxima grande emergência sanitária? De acordo com pesquisadores das universidades da Georgia e Estadual de Oklahoma, ambas nos Estados Unidos, não se trata de uma questão de “se” — mas sim de “quando” — a próxima pandemia acontecerá.

Em um estudo publicado em março na revista científica Microorganisms, os cientistas alertam para um fator-chave que pode desencadear futuras pandemias: a pobreza. A pesquisa analisou mais de 300 eventos de surtos infecciosos ocorridos entre 1977 e 2017 e constatou que a desigualdade social e a falta de o a serviços de saúde têm desempenhado um papel decisivo na disseminação de doenças.

Os pesquisadores investigaram os principais fatores que impulsionam surtos de doenças, como o uso indiscriminado de antibióticos, água e alimentos contaminados, falta de saneamento básico e de infraestrutura de saúde pública. Também foram analisados o impacto das mudanças climáticas, a propagação de vetores de doenças — como mosquitos — e a introdução de espécies invasoras.

O estudo mostra que a pobreza não apenas favorece a proliferação de surtos bacterianos (como tuberculose e peste), como também amplifica epidemias virais. “Tomar água contaminada, consumir alimentos sem higiene ou viver em regiões sem saneamento básico é o caminho para a disseminação de muitos patógenos”, explica a pesquisa.

Além disso, a falta de o a tratamentos de saúde adequados faz com que mais pessoas fiquem expostas e que a doença se espalhe de forma mais rápida e descontrolada.

POBREZA E AGLOMERAÇÃO

No caso de surtos virais, como o da Covid-19, a pobreza agrava ainda mais o cenário. Pessoas em situação de vulnerabilidade social, frequentemente, vivem em locais com alta densidade populacional, muitas vezes dividindo o mesmo cômodo, o que inviabiliza o isolamento necessário para conter a propagação do vírus.

“Quem está em situação de pobreza não tem a opção de trabalhar de casa, nem de faltar ao trabalho sem perder renda, o que aumenta consideravelmente o risco de contágio”, aponta o estudo.

Para os pesquisadores, entender o papel da pobreza na disseminação de doenças é fundamental para prevenir futuras pandemias. Investir em infraestrutura sanitária, o à água potável, serviços de saúde de qualidade e políticas públicas que reduzam as desigualdades sociais são medidas fundamentais para conter o avanço de surtos infecciosos e evitar uma nova emergência de saúde pública global.

A lição é clara: combater a pobreza é também uma forma de combater as pandemias. E o mundo precisa estar preparado — porque, segundo os especialistas, não é uma questão de “se”, mas de “quando”.

GUIA MIRAI